“Manifesto pelo Envelhecer”
Em defesa da Mulher
Dizem que a partir de certa idade, nós mulheres ficamos invisíveis. Aquele frescor da juventude vai dando lugar à uma certa opacidade no vigor das energias e a nossa atuação na cena da vida diminui. A juventude vem logo atrás, impetuosa e cheia de disposição para o novo.
Há certos momentos que noto essa invisibilidade. Pode ser algo da minha cabeça? Claro que pode! Vivemos numa sociedade jovem de idade e num país tropical e etc. Porém há algo que não posso negar: Nunca fui tão consciente da minha existência como agora, nunca me senti tão protagonista da minha vida e nunca desfrutei tanto de cada momento da minha existência.
O autoconhecimento me trouxe a possibilidade de enxergar um ser humano sensível e também muito forte que sou, com minhas misérias, fracassos e virtudes. Descobri que tenho o direito de ser imperfeita, de me equivocar às vezes , de errar e de não corresponder às expectativas dos outros. E, apesar disso, ainda assim, gostar de mim!
Quando me olho no espelho e procuro quem fui, sorrio àquela quem sou.. Alegro-me com o caminho percorrido, assumo minhas contradições e imperfeições. E com grande respeito por mim, saúdo com carinho a jovem fui e continuo a seguir, porque me prender à ela não irá me deixar caminhar.... As ilusões e fantasias, já não me atraem mais.
Na verdade é bom viver sem tantas obrigações e não ter de sentir um desassossego permanente causado pela necessidade de correr atrás de tantos sonhos.
A vida é tão curta e difícil, que quando começamos a aprendê-la, já é hora de partir... Como diz o poeta " a vida pede um pouco mais de calma, a vida é tão rara, tão rara."